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tirava do lance, e então é que lhe havia de amargar a boca!

– Então prima, o que lhe parece o maluco daquele matador de onças? ia Roberto dizendo a sua prima, depois que saíram do quarto de Eduardo, e enquanto atravessavam um comprido corredor, que ia terminar numa varanda aberta dando para o vasto curral da fazenda. – Matar uma onça então é para qualquer?... o pateta cuidou que uma onça se mata assim como se mata um gambá; coitado! não foi má a esfrega que levou. Tão cedo não lhe voltará a vontade de andar pelos matos às escaramuças com as onças.

– Quem sabe, primo Roberto, ainda pode escaramuçar muitas, e matá-las como matou a de ontem, e talvez com mais felicidade. É um valente e destemido moço aquele!...

Este elogio foi uma seta, que partiu da boca de Paulina para o coração de Roberto.

– Valente! – exclamou ele com um sorriso forçado e amarelo; – ora não fale, prima. É paulista, e basta. Dizer paulista, é o mesmo que dizer bazófia e fanfarrice. Eu tenho matado mais onças, antas, queixadas, jacarés, sucuris, e quan­to bicho bravo há pelo mato, do que a prima mata de pulgas na sua cama, e disso nem dou fé e nem ando