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o pobre moço! pois ele não tem camaradas, que tomem conta da tropa!...

– Muito ordinários; uma súcia de preguiçosos.

– Nesse caso mandaremos uma pessoa capaz de tomar conta da mulada; mas ele não; tão cedo não se poderá mover daqui. Coitado! perdeu tanto sangue; está tão fraco.

– Coitadinho do nhonhô cheiroso! olhem não vá morrer de fraqueza – exclamou Roberto com uma expressão de ironia e um trejeito de cara indefinível – o tal maganão, prima, parece que caiu-lhe no gosto... não quererá também guardá-lo no seio?... Prima, olhe que não fica bonito a uma moça filha-família mostrar tamanho empenho assim por um... um... pé de poeira, que ninguém sabe donde veio, nem para onde vai...

Esta grosseira reprimenda fez enrubescer até os olhos a filha do fazendeiro. O rústico primo tinha tocado do modo o mais rude e brutal em uma ferida recente, de que a menina ainda nem dava fé, e a fazia sangrar cruelmente.

Mas aquela primeira perturbação do pudor virginal para logo passou e deu lugar ao despeito e à indignação. Verme­lha como lacre, e mal retendo uma lágrima, que lhe pendia da pálpebra trêmula e cintilante, levantou a cabeça com altivez e respondeu: