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casa, repito, se não quer que eu ou o senhor nos ponhamos a perder.

Eduardo ia assomar-se; mas refletiu, que nenhum proveito tirava em brigar com aquele simples e estouvado rapaz; repor­tou-se e respondeu-lhe.

– Senhor Roberto, eu por ora acho-me muito bem aqui, e nem vejo motivo algum para pôr-mo-nos a perder. Os donos da casa creio que nem por sombra pensam em despedir-me; e como quem quer o senhor enxotar-me?

– Se o dono da casa soubesse que o senhor anda querendo lhe desencaminhar a filha...

– Alto lá, senhor caluniador! devagar com isso! onde e por que modo viu o senhor que eu faltasse ao respeito no míni­mo ponto que fosse à sra. d. Paulina?... se aturo com paciên­cia suas sandices, não estou de ânimo a agüentar tão infame calúnia.

– Sandeu e caluniador será ele! veja onde está e com quem fala... olhe que não sou nenhum caipira tocador de burros, arrieiro ou capataz de tropa. Cuida que não ouvi... ainda agora... ali debaixo da gameleira?

Com esta arrieirada Eduardo ia perdendo a paciência, e posto que nenhuma arma tivesse consigo e se achasse ainda fraco e em convalescença para poder medir-se com um atleta armado de faca e