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nunca o ofendeu, e nem lhe deseja mal algum. Mas o senhor está desculpado, pois decerto não ouviu toda a conversa, e era fácil enganar-se.

– Ouvir mais para quê?... foi de sobra o que eu ouvi.

– Não é assim, homem de Deus; tenha paciência, escute-me. Sua prima vendo-me ali sentado sozinho e pensativo, perguntava-me a razão por que ando triste, e se já estava aborrecido de estar aqui. Eu respondi-lhe que me achava muito bem nesta casa, porém que tinha muitas saudades de minha terra, e principalmente de uma pessoa de lá, de uma moça a quem quero muito bem, com a qual se Deus não mandar o contrário, tenho de me casar. Era dessa moça, que eu dizia a sua prima, que nunca hei de deixar de amá-la.

– Vá contar essa mais adiante, que por cá não pega. Com essa ainda não me embaça, sr. Eduardo.

– Oh! senhor!... que necessidade tenho eu de enganá-lo?... creia, que é a pura verdade; juro-o por minha alma, e se isto não basta, pode perguntar à própria d. Paulina.

Ao ouvir a explicação de Eduardo, Roberto sentiu no íntimo da alma uma alegria, um alívio como há muito tempo não experimentara. Parecia-lhe que lhe tinham tirado um enor­me peso do coração,