V

Mãi e Filhos


I

A Mãi


Domingo, 23 de dezembro de 1888, á hora em que um bello sol de inverno doirava pallidamente o céo de Lisboa, convidando a despreoccupada população a fazer o trottoir da Avenida, achava-me eu na igreja do extincto convento de Agostinhas Descalças, no sitio do Grillo, em frente do caixão onde têm repousado esquecidos os restos mortaes de D. Luiza de Gusmão, rainha de Portugal.

Não vão suppôr que me estou dando ares de poeta funebre da realeza ou de philosopho merencorio dado a scismar no problema da morte: to be or not to be. Nada d'isso. Sou apenas um dilettante de estudos historicos; tenho por vezes o mau gosto de preferir os dramas do passado aos do presente, e as epopêas da historia ás partituras de S. Carlos.