Genoveva deixou a porta aberta, fel-o sentar-se, pediu-lhe noticias da viagem e achou-o mais gordo; nenhuma commoção nem intimidade. Deolindo perdeu a ultima esperança. Em falta de faca, bastavam-lhe as mãos para estrangular Genoveva, que era um pedacinho de gente, e durante os primeiros minutos não pensou em outra cousa.

— Sei tudo, disse elle.

— Quem lhe contou?

Deolindo levantou os hombros.

— Fosse quem fosse, tornou ella, disseram-lhe que eu gostava muito de um moço?

— Disseram.

— Disseram a verdade.

Deolindo chegou a ter um impeto; ella fel-o parar só com a acção dos olhos. Em seguida disse que, se lhe abrira a porta, é porque contava que era homem de juizo. Contou-lhe então tudo, as saudades que curtira, as propostas do mascate, as suas recusas, até que um dia, sem saber como, amanhecera gostando d'elle.

— Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Ignacia que lhe diga se não chorei muito... Mas o coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.