Depois do chá as duas moças, como dois passárinhos, correram para o quarto.
— Então o que ha disse Palmyra?
— Uma cartinha para ti.
— Para mim? E de quem?
— De um moço louro que só uza bigode e passou aqui á pouco a cavallo. Está de calça branca, sobre casaca preta e chapéo de Chile.
— É elle!... disse Palmyra corando até aos olhos.
— Toma, abre-a estou anciosa por saber o que elle te diz.
Palmyra recebeu das mãos da amiga a carta, vinha ella lacrada e marcada com pequeno sinete quadrangular em cujo centro estava uma arvore florida; uma trepadeira se enroscava na base da arvore. Em torno a seguinte divisa. «Je meurs où je m’attache».
Ambas as moças sabiam perfeitamente francez.
— Très-bien, disse Nóla. Palmyra estava tremula, abrio a carta e leu o seguinte. Nóla tinha a linda face encostada á de Palmyra e com os olhos acompanhava a leitura. A carta era assim escripta:
«Senhora.
É timido e receioso que meu coração vos dicta estas palavras, que tanto serão de amor como de respeito.
E minha mão vacila ao traçar estas linhas! Mas eu não posso negar á minha alma n’este ensejo o unico linitivo que lhe resta, qual o de communicar-vos o que ella sente.
Ver-vos e amar-vos, Senhora, foram acções que se succederam a um tempo.
De dia em dia o meu mal cresce, e para cural-o ninguem haverá no mundo, a menos que não sejais vós; porque... eu vos amo.
Talvez que dentro de vós mesma queiraes endagar a origem d’este amor.
Se o ignoraes, bem pouco sabeis avaliar os attractivos da formosura e da belleza, e bem pouco conheceis os vosso encantos.
Este amor, que me mata e me dá vida, que me occupa inteiramente tem por causa vós.
Eu deveria contemplar-me ousado, se sem temor vos dirigisse palavras de amor, se o não fizesse com toda a delicadeza do respeito que vos consagro.
Que quereis Senhora? Se eu vos não escrevesse, se não tentasse saber de vós ou minha felicidade ou infortunio, eu ficaria em um estado