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sem armas, sem uma faca ao menos? Ali vão amarrados parentes e amigos, que muito me merecem; mas nem por isso praticarei asneiras.

Lourenço ia responder, quando sentiu sobre os lábios a mão do capitão querendo dizer que não falasse. Ao mesmo tempo ouviu surdo rumor de passos acima de sua cabeça. Eram vários soldados que haviam corrido a ver se descobriam o autor do atentado contra o coronel.

Neste momento, o Tunda-Cumbe, rangendo os dentes, clamou inflamado na paixão que o tomara:

— Hás de pagar-me, Falcão d'Eça, hás de pagar-me o que ora fizeste. Hei de cortar-te as orelhas para dar de presente ao meu cão. Se estes matos têm ouvidos, eles que ouçam a tua sentença de morte, que se há de realizar no futuro, pois tão cobarde és que não te apresentas e somente me feres à traição.

Ditas estas palavras, o Tunda-Cumbe, como se reconhecesse os perigos de dar busca em domínios encobertos, alheios e desconhecidos, voltou imediatamente ao ponto onde fizera alto a tropa, que ele ordenou que seguisse a marche-marche.

— Não é nada, disse como para tranqüilizar os seus. Já não vertem sangue as minhas veias; o da estúpida nobreza de Pernambuco, descendente de Caeté com Moçambique, esse sim, não vejo atadura que o faça tão cedo estacar.

— Não o matei, mas sempre lhe dei um ensino -