Mas tu, quem quer que sejas,
Meus olhos fascinaste; e se medito
N'essas tuas palavras, onde eu toda
Me sinto reviver em formosura,
Meu coração acorda alvoraçado,
Como quem ouve em alta noite escura,
Bater o vento ás portas e ás janelas;
E estremunhado ainda, se levanta,
E vê que já mal brilham as estrelas
E que a noite se afasta e o sol é perto.
Assim a tua voz ouvindo agora,
Despertei d'este somno em que jazia;
E já vivo outra vida; e nova aurora
Contemplo; e tudo, em mim, rejuvenesce...
E Marános, tomado de coragem
Olhando-a com mais alma, n'uma voz
De quem reza, falou á sua Imagem:
(Oh mais á sua Imagem que a ela propria!)
«És a Virgem da terra onde nasceste.
Estas arvores vivem da tua graça;
E as searas dos campos reverdecem,
Quando sobre elas teu sorriso passa!
E as aves d'este ceu vão procurar
Fios do teu cabelo para o ninho,
E a funda inspiração para cantar
Á mensageira luz que tens nos olhos.
És a Senhora do Êrmo, e d'estas fontes
A liquida alegria que as sustenta;
És a Menina Ungida d'estes montes,