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Pelas margens do céu ... a voz da Serra
Que Jupiter, outrora, baptisou
Com um brumoso nome trovejante...
Marão! onde entra o mar espadanando!
Onde os ventos echôam, e as estrelas
Sentem sua luz, já frouxa, vacilando
Na aparição phantastica das nuvens!


De milagre em milagre, caminhava
Marános desde a imagem da Montanha
Ao vulto de Eleonor que o deslumbrava...
Tudo é milagre e sombra, ó Natureza!


E ao ver que Eleonor vinha descendo
Pela sombra da Serra, em vez de pôr
Os pés como ele punha sobre o chão,
Toda espirito, graça, etereo amôr,
Marános exclamou:


 «Ó tu que vens
De longe, caminhando ... Alta Figura
Que n'um sitio sósinho, em êrma noite,
Quando a terra é emoção e o luar ternura,
Surgiste ante os meus olhos, por encanto!
Do meu somno de morte despertei,
Ouvindo a tua voz, divino canto,
Beijo de som pousando em meus ouvidos!...


Mas logo Eleonor se confundiu,
N'um secreto desejo feminino,
Com a Sombra da Serra que se abriu,

Envolvendo-a em seu manto de crepusculo.