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Continua o Dr. Bourgas a argumentar: «É fóra de dúvida que a mulher tem todas as razões para ter uma personalidade humana. E forçoso é reconhecer-lhe, ipso facto, o direito legal do amor, do qual dependem todos os outros direitos. Por não haver cultivado essa justiça, o homem transforma a sua companheira em antagonista e inimiga e o amôr será substituido pelo ódio e pela aversão: inevitável justiça das coisas!...»

E logo acrescenta:

«Os transportes do amôr do homem indiferente à comparticipação do prazer da mulher, tem como inevitável consequência afastar a esposa do marido e tem ainda outra consequência desastrosa denunciada por todos os especialistas, de expor aquela que os sente a uma multidão de doenças e graves perturbações orgânicas.»

Não teremos aqui outra causa da perturbação que os médicos atribuiam à sua cliente? E agora conclue o Dr. Bourgas: O homem que queira conservar a sua mulher com saúde e o seu ménage em paz saberá cultivar na sua esposa a parte que lhe pertence em amôr. Mas em sua cega presunção de rel da creação, crê possivel tocar em instrumento sem conhecer-lhe o teclado, o doigté, o diapasão, nem ao menos a corda que é mister ferir.»

E acrescenta: «A maioria dos homens, ignoram a mulher na sua constituição fisica e no seu destino social.

Acusam a mulher de fantástica e querem que tenha méritos de que lhe não dão senão o exemplo em contrário.»

Repete ainda a frase de Mirabeau que disse «somos nós que fazemos a mulher e é por isso que ela vale menos».

E remata com esta opinião de Balzac: «As faltas das mu-