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BOOKER T. WASHINGTON

excitação é tão forte que prometto a mim mesmo não voltar á tribuna. E não é só antes de falar que essa angustia me atormenta: quando me calo, vem-me de repente uma enorme tristeza por haver esquecido coisas essenciaes que tencionava dizer.

Existem, porém, compensações. De ordinario ao cabo de alguns minutos livro-me dessa agitação e experimento um grande prazer, convenço-me de que influenciei o auditorio, estabeleci uma corrente de sympathia com o publico. Não ha satisfação igual á do orador que domina os seus ouvintes. Um fio parece ligal-os, um fio resistente, quasi visivel. Se entre mil homens estiver um que tenha opiniões contrarias ás minhas ou me ouça com frieza, sinto-lhe promptamente a hostilidade. Percebendo-o, dirijo-me exclusivamente a elle, e não ha nada melhor que ver o gelo derreter-se. Conto-lhe ás vezes uma historia, se bem que não conte anecdotas pelo prazer de contal-as. Essa parolagem é prejudicial e não illude ninguem. Não devemos falar se não temos qualquer coisa para dizer. Se tivermos, podemos mandar ao diabo a rhetorica, os preceitos de elocução. Ha pausas, sem duvida, maneira de respirar, tom de voz, mas nada disso substitue a alma num discurso. Nas minhas licções em Tuskegee gosto de esquecer as regras de syntaxe ingleza e de rhetorica e acho bom que os alumnos tambem as esqueçam.