bater de pé provocante. Uma trepidação elástica e felina corria-lhe o colo, os seios e a face rija e redonda, em cujas vénulas engrossadas se via a fremer e a subir um sangue roxo, irritado.
De repente, abate sobre o marido as pupilas, crispantes de desafio:
- — Preciso sair hoje... Não me acompanhas?
- — Logo vi!... ou eu não tivesse que fazer!... — respondeu com ímpeto o barão.
- — Que marido tão condescendente, tão amável que eu tenho, Santo Deus!... Nem de encomenda! — E depois de uma pausa, numa irritação crescente: — Para que me foi tirar a casa dos meus pais?... Se me não amava, para que me privou do carinho dos meus? Para que me foi arrancar ao coração da minha gente, a minha verdadeira e única família, que nunca me contrariaram... sempre prontos a adivinhar-me as vontades, sempre felizes por me fazerem a vida cor-de-rosa?... Casou por conveniência, bem sei... para me tiranizar absurdamente! — E com lágrimas na voz: — O senhor não procurou em mim uma doce e digna companheira, mas uma estúpida e dócil governanta! Não me quis para lhe alegrar a existência e entreter a alma, mas para lhe determinar o jantar e pregar os botões das ceroulas... Bonita vida!
- — Elvira, não me impacientes! Não me estragues o almoço... Precisas de sair?... Manda recado a tua mãe ou a tua irmã.
- — Não são minhas criadas!
- — Nem eu!
E ergueu-se pálido, fulo, assentou com força o guardanapo sobre a mesa, foi tomar o