O Ganso-das-Neves

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aves, presas num cercado próximo ao seu ateliê, o qual formava o núcleo de um santuário.

Ele nunca atirava em pássaros, e caçadores de aves não eram bem-vindos próximos à sua casa. Ele era amigo de todas as criaturas selvagens, e elas retribuíam com a sua amizade.

Em seu santuário, haviam aves domesticadas que vinham da Islândia e de Spitzbergen todo outubro, voando em grandes grupos que escureciam o céu e enchiam o ar com o estrépito de sua passagem — os flamingos de corpo escurecido, os carcarás de peito esbranquiçado, com seus pescoços negros e máscaras de palhaço, formadas pelas cores das penas de suas faces, e muitas espécies de patos selvagens — marrecos, patos-reais e cercetas.

Algumas possuíam as penas das asas cortadas, ficando estacionadas lá como um sinal para as aves selvagens que vinham no início do inverno, dizendo-as que ali havia comida e abrigo.

Muitas centenas vinham e permaneciam com Rhayader por toda a temporada fria de outubro até o início da primavera, e então migravam novamente para o norte, voltando aos seus locais de reprodução.

Rhayader ficava contente em saber que quando caiam tempestades, ou estava muito frio e a comida era escassa, ou havia uma grande horda de caçadores de pássaros nas redondezas, suas aves estavam seguras; que ele havia dado a proteção de seus braços e o abrigo de seu coração a todas estas belas e selvagens criaturas que o conheciam e nele confiavam.

Elas iriam responder ao chamado para o norte na primavera, mas depois retornariam, gralhando e berrando no céu do outono, vindo circular a região do