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Paul Gallico


A menina riu com deleite e então, subitamente, se deu conta do lugar onde estava com certa pressão sobre si mesma e, sem pronunciar palavra, virou-se e fugiu pela porta. — "Espere, espere!", clamou Rhayader, que foi em direção à entrada, onde parou, a porta enquadrando sua corpulência obscura. A menina já estava descendo a parede marítima, mas pausou ao ouvir Rhayader e olhou para trás.


— "Qual o seu nome, criança?", perguntou Rhayader.

— "Frith."

— "Como?", disse Rhayader. "Fritha, eu suponho. Onde você mora?"

— "No vilarejo de pescadores em Wickaeldroth." Ela se referiu ao local com a antiga pronúncia saxônica.

— "Você voltará aqui amanhã, ou no dia seguinte, para ver como a Princesa está se recuperando?"


Ela pausou, e novamente Rhayader deve ter pensado nas aves selvagens pegas desprevenidas naquele breve segundo antes de tomarem voo. Mas a voz fina da menina respondeu para ele: — "Sim!" E ela se foi, com seus cabelos loiros esvoaçando atrás de si.

O ganso-das-neves recuperou-se rapidamente e lá pela metade do inverno já estava mancando dentro do cercado para aves juntamente com os gansos-bravos[1], com os quais se dera — diferentemente dos carcarás — e aprendera a ser alimentado com o chamado de Rhayader. E a menina, Fritha (ou Frith), era uma visitante assídua. Ela havia deixado para trás seu medo de Rhayader.

  1. O texto refere-se aos "gansos de patas rosas" (wild pink-footed geese), que vivem nas regiões pantanosas de quase toda a Europa. [NT]