O Ganso-das-Neves

27


Sua imaginação encantara-se com a presença desta estranha princesa branca de uma distante terra além-mar, uma terra que era toda rosa, como ela havia observado no mapa que Rhayader a mostrara e no qual eles haviam traçado o caminho tempestuoso que a ave perdida fizera de seu lar no Canadá até o Grande Pântano em Essex.

Então, em uma manhã de junho, um grupo retardatário de gansos-bravos, rechonchudos e bem alimentados depois de sua estadia no farol durante o inverno, atendeu ao chamado imperativo da migração e da reprodução e alçou voo lentamente, ascendendo ao céu numa espiral. Juntamente com ele, estava o ganso-das-neves, com seu corpo branco e sua plumagem escurecida brilhando sob o sol da primavera. Tudo isto aconteceu enquanto Frith estava no farol. Seu clamor fez Rhayader vir correndo do ateliê.


— "Olhe! Olhe! A Princesa! Ela está indo embora?"


Rhayader contemplou no céu as manchas criadas pelo grupo de gansos que se espalhava. — "Sim[1]", ele disse, inconscientemente adaptando sua pronúncia ao sotaque da menina. — "A Princesa está voltando para casa. Escute! Ela está se despedindo de nós."

Do céu límpido, veio o crocitar plangente dos gansos selvagens, e mais ao alto ouvia-se o gorjeio agudo e claro do ganso-das-neves. A mancha formada pelo grupo de aves adejava para o norte no formato de um fino V, diminuindo progressivamente, até sumir completamente no horizonte.

  1. O termo original no texto é "Ay", uma forma antiga e coloquial de concordância dos idiomas proto germânicos. [NT]