O Ganso-das-Neves

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Três dias depois, Frith, mais alta, porém ainda despenteada e descuidada, veio timidamente ao farol para visitar a Princesa Perdida[1].

E o tempo passou. No Grande Pântano, ele era marcado pela altura das marés, a marcha lenta das estações, a passagem das aves e, para Rhayader, pelas chegadas e partidas do ganso-das-neves.

O mundo exterior fervia e se agitava com a erupção que em breve se lançaria sobre ele e quase causaria sua destruição. Mas ela ainda não havia afetado Rhayader, muito menos Frith. Eles estavam imersos em um curioso ciclo natural, mesmo com a menina crescendo. Quando o ganso-das-neves vinha ao farol, ela também comparecia, para visitá-lo e também aprender muitas coisas com Rhayader. Eles viajavam juntos em seu veloz barco, que ele manejava com tanta habilidade. Eles também capturaram mais aves selvagens para integrar ao santuário que crescia mais e mais, e construíram novos cercados para elas. Com ele, ela aprendeu sobre cada ave selvagem que sobrevoava os pântanos, da gaivota ao falcão ártico. Ela cozinhava para ele às vezes, e aprendeu até mesmo a misturar as tinturas que Rhayader utilizava em seus quadros.

Mas quando o ganso-das-neves retornava para seu lar no verão, era como se uma barreira fosse colocada entre eles, e ela não vinha mais ao farol. Um ano o ganso-das-neves não retornou, e Rhayader ficou com o coração partido. Tudo parecia ter terminado para ele. Ele pintou furiosamente ao longo do inverno e do próximo verão e não viu a menina uma única vez. Mas o som de um clamor familiar novamente soou no céu, e uma imensa ave branca,

  1. Novamente, nesta parte do texto é empregada a expressão em francês La Princesse Perdue. [NT]