O Ganso-das-Neves

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posso. De uma vez por todas eu serei um homem e cumprirei com o meu dever.

Frith fixou o olhar em Rhayader. Ele mudara muito. Pela primeira vez ela viu que ele não era mais feio, deformado ou grotesco, mas sim muito belo. Certas coisas estavam perturbando sua cabeça, clamando para serem ditas, e ela não sabia como dizê-las.


— "Eu irei com você, Philip."


Rhayader sacudiu a cabeça. "Seu lugar no barco iria deixar um soldado para trás, e depois outro, e depois ainda outro. Eu preciso ir sozinho."

Ele vestiu sua capa de chuva e suas botas e entrou no bote. Virou-se e, acenando, exclamou para Frith: — "Adeus! Você pode cuidar dos pássaros até eu retornar, Frith?"

A mão de Frith se levantou, mas apenas um pouco, para se despedir. — "Vá com Deus[1]", ela disse, mas pronunciando da forma saxônica, — "Eu tomarei conta das aves. Vá com Deus, Philip."

Já caira a noite, iluminada por um fragmento da lua, pelas estrelas e pela luz nórdica. Frith permaneceu na parede marítima, observando o bote deslizando pelo estuário pantanoso. Subitamente, da escuridão atrás dela veio o soar de asas, e alguma coisa passou voando rapidamente por ela. Na luz noturna ela viu o brilho de asas brancas com tons escuros e a cabeça impelida do ganso-das-neves.

A ave ganhou altitude, passou por cima do farol em direção ao riacho — onde o bote de Rhayader

  1. A expressão original no texto é "God speed you" [NT]