O Pequeno Milagre

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riso de satisfação silenciosa. A combinação dos lustrosos olhos escuros de Pepino e o sorriso de Violetta era tão harmoniosa que as pessoas os ajudavam, tanto que eles eram capazes não só de ganhar o suficiente para sobreviverem, mas também, aconselhados pelo padre Damico (o pároco local), eram capazes de economizar um pouco.

Havia uma série de coisas que eles poderiam fazer – transportar cargas de madeira ou água, entregar compras acomodadas em cestos pesados nas laterais de Violetta, serem contratados para puxar uma carreta atolada na lama, ajudar na colheita de olivas, e até mesmo, ocasionalmente, auxiliar algum cidadão que estava alcoolizado de vinho a chegar até sua casa a pé, como uma espécie de “taxi de quatro patas”, com Pepino caminhando ao lado e cuidando para o embriagado não cair.

Mas estes não eram os únicos motivos que explicavam o amor existente entre o menino e a mula, uma vez que Violetta era mais do que a subsistência dele. Ela era para ele mãe e pai, irmã, amiga, companhia e conforto. De noite, deitado na palha do estábulo de Niccolo, Pepino dormia encolhido próximo a ela quando estava frio, com sua cabeça escorada no pescoço dela.

Como a região montanhosa era um mundo difícil para um pequeno garoto, ele algumas vezes caía ou se machucava, mas mesmo assim ele poderia ir até ela pedindo um pouco de conforto, e Violetta iria gentilmente acariciar seus machucados com o focinho. Quando seu coração estava repleto de alegria, ele cantava melodias em seus ouvidos; e quando estava triste, ele podia apoiar a cabeça no lombo macio e quente de Violetta e chorar suas lágrimas.

De sua parte, ele a alimentava e dava-lhe água, livrava-a de carrapatos e outros parasitas, alisava seu