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Paul Gallico


pelo e fazia carinho, esbanjando afeição por ela, particularmente enquanto estavam a sós; em público, ele nunca batia nela com a vareta mais do que o necessário. Por este tratamento, Violetta considerava Pepino uma divindade e retribuía -o com lealdade, obediência e afeição.

Um dia, no início da primavera, Violetta adoeceu, e esta era a pior coisa que poderia ter acontecido a Pepino. O problema se manifestou inicialmente como uma letargia[1] incomum. Violetta não respondia nem à uma alfinetada, nem a carícias, nem à voz jovem e estridente de Pepino. Depois, Pepino observou outros sintomas e uma visível perda de peso. Suas costelas, que eram cobertas por uma camada de carne bem rechonchuda, tornaram-se visíveis em suas laterais. Porém, havia um fator ainda mais preocupante do que a mudança que também ocorreu nas feições de sua cabeça (que estava afinando devido à angústia da doença): Violetta perdeu seu sorriso amável e encantador.

Tirando de suas reservas econômicas, cuidadosamente guardadas, centenas de notas de lira, Pepino chamou o Doutor Bartoli, o veterinário.

O veterinário examinou-a de boa-fé, medicou-a e fez o melhor que podia; mas ela não melhorava e, além disso, continuava perdendo peso e ficando cada vez mais fraca. Ele sussurrou de forma bastante hesitante e disse: — "Bem, por ora é difícil de dizer. Talvez seja algo como a picada de um mosquito novo na região, ou talvez um verme em seu intestino. De qualquer modo, como vamos saber? Houve um caso similar em Foligno e outro igual em uma cidade distante."

  1. Letargia é a perda temporária ou completa da sensibilidade e dos movimentos de uma parte do corpo por motivos fisiológicos. [NT]