O Pequeno Milagre

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Ele recomendou que Pepino deixasse Violetta descansando e que desse coisas leves para ela comer. Se a doença saísse dela por vontade de Deus, ela sobreviveria. Caso contrário, ela certamente morreria e haveria um fim para seu sofrimento.

Depois que o veterinário foi embora, Pepino encostou sua cabeça desamparada no lombo de Violetta e chorou descontroladamente. Mas então, quando a tensão — induzida pelo medo de perder sua única companhia no mundo — diminuiu, ele soube o que deveria fazer. Se não havia auxílio terreno para Violetta, o apelo deveria ser feito mais acima. Seu plano era nada menos do que levar Violetta para dentro da cripta sob a igreja inferior da Basílica de São Francisco, onde repousavam os restos mortais do santo que amou de forma inigualável todas as criaturas de Deus, incluindo os irmãos e irmãs com penas e também com quatro patas que serviram a Ele. Pepino iria implorar a São Francisco para curá-la. Ele não tinha dúvidas de que o santo assim faria quando visse Violetta.

Estas coisas Pepino sabia por meio do padre Damico, que falava de São Francisco como se ele fosse uma pessoa viva que poderia ser encontrada com seu hábito desgastado, preso por uma corda de cânhamo no meio, meramente ao dobrar a esquina da Praça Central de Assis, ou ao caminhar em uma das estreitas ruas pavimentadas da cidade.

E, por outro lado, já havia um precedente: Giani, seu amigo, o filho de Niccolo (o dono do estábulo), levou uma vez sua gatinha doente para dentro da cripta e pediu para São Francisco curá-la, e a gata melhorou — pelo menos um pouco, visto que suas patas traseiras ainda se arrastavam — mas pelo menos ela não morreu. Pepino sentia que se Violetta viesse a falecer, seria o fim de tudo para ele.