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Paul Gallico


disse a Pepino: — "Amanhã levaremos a carta do supervisor até ele. Ele vai convocar pedreiros e a velha parede que está barrando a porta será demolida, você poderá levar Violetta até a tumba e rezar para que ela melhore. O Papa em pessoa aprovou isto."

O Papa, obviamente, não havia escrito as cartas pessoalmente. Elas foram redigidas com considerável delicadeza e satisfação pelo cardinal-secretário, apoiado pela autoridade papal, que disse em sua carta ao padre Damico:


"Certamente o supervisor deve saber que, em seu tempo de vida, o abençoado São Francisco era acompanhado até a capela por um pequeno cordeiro, que costumava segui-lo por toda Assis. Por acaso uma mula é uma criatura de Deus inferior só porque sua pele é mais dura e suas orelhas mais longas?"


E ele também escreveu outro recado, o qual padre Damico explicou para Pepino de sua própria maneira.


Ele disse: — "Pepino, há algo que você precisa compreender antes de ir ver o abade. É a sua esperança e a sua fé em São Francisco que irão ajudá-lo a curar sua mula. Mas você já pensou, talvez, que ele — que tão docemente amou todas as criaturas de Deus — possa amar Violetta de forma tão grande, que deseje ter ela ao seu lado pela Eternidade?"


Pepino sentiu um calafrio ao ouvir isto. Ele suou ao dizer: — "Não, padre, eu não havia pensado nisto..."