O Pequeno Milagre

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Havia um pedaço de corda de cânhamo, atado como se, talvez, tivesse sido usado sobre uma cintura. Preso por um nó, fresco como se tivesse crescido ontem, estava um pequeno ramo de trigo. Secos e preservados, havia também o caule e a flor estrelada de uma prímula[1] das montanhas e ao lado, a pequena penugem de uma minúscula ave dos prados.

Silenciosamente, os homens ficaram observando estes objetos do passado, tentando compreender seu significado, e padre Damico chorou, pois para ele invocavam a figura viva do santo, meio-cego, cansado e frágil, a corda atada em sua cintura, cantando, caminhando através de um campo de trigo. A flor talvez tenha sido descoberta por ele quando cessou a neve do inverno, chamada de "Irmã Prímula" e louvada por sua ternura e beleza. De modo como se eles tivessem sido transportados para aquele momento, padre Damico viu a pequena ave do campo abrigada de forma confiante no ombro de São Francisco, piando e deixando uma pena em sua mão. Seu coração estava tão cheio que ele não conseguia se conter.

O bispo também estava próximo de chorar, quando, de sua própria maneira, interpretou o que eles acharam. — "Ah, como poderia ser mais clara a mensagem deixada pelo santo? Pobreza, amor e fé. Este é o legado que ele deixou para todos nós."


Pepino disse: — "Por favor, senhores, eu e Violetta podemos entrar na cripta agora?"


Eles haviam se esquecido dele. No momento, eles partiram da contemplação para tocar nas relíquias.

  1. Prímula é um gênero botânico cujas espécies florescem no início da Primavera. [NT]