— Qual dos seus livros prefere?

— A escolha não é difícil. Tenho apenas dois livros publicados; prefiro o segundo, Prosa, porque me parece um pouco mais bem escrito. Mas dos trabalhos nele contidos não prefiro nenhum porque todos estão muito longe daquilo que eu quisera escrever.

Tomei do lápis, fui anotando essas palavras, posto que tivesse a opinião de que o primeiro livro desse admirável temperamento de escritor era, pela sua espontaneidade, muito melhor que o segundo, do qual o mesmo temperamento fazia um alto juízo. Mas era uma opinião pessoal. Volvi-me ao inquérito, indagando as suas opiniões sobre escolas literárias.

— Romance social, vejo apenas o de Curvelo de Mendonça, diz João Luso esquecendo Fábio Luz e o Canaã de Graça Aranha, que o sr. Félix Pacheco tanto admira; poesia de ação, não creio que haja, felizmente. Depois, o período das escolas passou com as revistas de título grego. Hoje, cada um faz o que pode, livremente, por si — o que me parece muito melhor.

— Não há lutas?

— A literatura atual é essencialmente pacífica.

— E talvez passiva...

João Luso sorriu vagamente, aconchegando a gola do pijama ao seu pescoço cor de araçá. Irradiava simpatia. As suas mãos admiráveis de príncipe do Renascimento, mãos magras e