— Para a minha formação literária, começa ele, não contribuíram autores, contribuíram pessoas. Até hoje sofro a influência do primeiro período da minha vida no sertão. Foram as histórias, as lendas, os contos ouvidos em criança, histórias de negros cheias de pavores, lendas de caboclos palpitando encantamentos, contos de homens brancos, a fantasia do sol, o perfume das florestas, o sonho dos civilizados... Nunca mais essa mistura de ideais e de raças deixou de predominar, e até hoje se faz sentir no meu ecletismo. A minha fantasia é o resultado da alma dos negros, dos caboclos e dos brancos. É do choque permanente entre esse fundo complexo e a cultura literária que decorre toda a minha obra, e daí Baladilhas, Rapsódias, livros de uma fatura absolutamente especial.

— Há, entretanto, uma parte da sua obra...

— Sim, a parte fescenina. É aí, no Fruto Proibido, que começo a ter a responsabilidade do meu trabalho. O amor pelas lendas, pelo fantástico ficou porém. O livro que mais me impressionou foi As Mil e Uma Noites. Depois toda a obra de Shakespeare, o Dom Quixote, os poetas gregos, Plutarco, que releio constantemente...

— E dos modernos?

— Flaubert, o admirável Maupassant, Taine, que é a base da minha visão crítica, e os ingleses contemporâneos,