cheio de juventude e de esforço, é impossível deixar de admirá-lo.

— Sou um trapista do trabalho, a bête de somme dos franceses — quero, e mourejo como um servo da gleba... Ah! meu amigo, o artista não é o zoilo das confeitarias à cata de jantar.

Preciso de um relativo conforto, preciso rodear os meus filhos de bem- estar. Trabalho! Creio que só a tenacidade e o querer têm obstado a minha morte. Hei de ir até o fim com o prazer de ter pago sempre as minhas dívidas...

Ficamos um tempo calados. Neto mostra-me as provas dos seus livros, agora editados em Portugal — A Treva, Água de Juventa, o Mistério do Natal, a Pastoral. Que extraordinária atividade! Que prodigioso cérebro!

— E quanto a escolas, a lutas?

— Não há nada. Vejo no Brasil uma coisa curiosa: dois grupos, um muito pequeno, dos que podem; outro, enorme, dos que não podem. Lembram-me a história da princesa Parizat nAs Mil e uma noites. No alto da montanha havia três talismãs: a árvore que canta, o pássaro que fala e a água amarela. Quem subisse até lá seria possuidor de todos três, mas o caminho era aspérrimo e as pedras faziam um estranho clamar. Quem atendesse ao chamado das pedras em pedras se transformava. Só a princesa chegou ao pico da montanha. O clamar das pedras é aqui o nefelibatismo, o ocultismo, o criticismo,