no coração do menino, do outro lado a antipatia que lhe inspirava a filha do barão devia afastar-lhe a ideia de qualquer sacrifício; já não era pequeno o perigo corrido até àquele momento.

Era essa a lógica do coração; mas o orgulho de Mário e o seu desdém pela vida, apresentavam-lhe as cousas por outro prisma. Arrancar Alice ao remoinho, não era para ele rasgo de generosidade ou ato de filantropia; não, era pura e simplesmente uma satisfação de amor-próprio, uma questão de brio.

No seu pundonor infantil, ele se consideraria um covarde, cedendo ao remoinho; ficaria humilhado se não domasse dessa vez ainda o abismo, arrancando-lhe do bojo a vítima, já quase devorada. Pouco lhe importava o nome da vítima; no instante daquele supremo transe talvez nem se lembrou que objeto, que fardo, era esse tão estreitamente unido a seu peito. Fosse, em vez da menina, um cão, lutaria da mesma forma.

De quem se recordou de relance, foi do barão; e recordou-se pensando no imenso prazer que teria se o esmagasse com seu triunfo e seu desprezo. Afigurava-se a Mário que o exemplo de heroísmo e abnegação dado por ele havia de ser