tradições de Carlos Magno e do rei Artur, transportado para a Península se alterara profundamente, sem deixar por isso de ser um exercício de destreza e de força.
Apenas os peões e servos, concluída a sua obra que os alvazis tinham descido a examinar e a aprovar, saíram da liça, entraram nela vinte cavaleiros montados em cavalos de batalha e armados como para combate. Traziam lanças de infanções ou apendoadas, isto é, ornadas à curta distância do ferro de bandeirolas de cores, distintivo que nas mesnadas só era permitido usar aos nobres de linhagem. Debaixo das sobrevestes brancas vestiam a armadura daquele tempo, em que ainda não existiam ou eram demasiado raros os arneses lisos, tão elegantes, tão esplêndidos de brilho e de cores, que se tornaram comuns nos séculos XIV e XV. A armadura de então era o longo saio de malha de ferro e a cervilheira do mesmo tecido, que cobria o pescoço e que vinha ligar-se nos ombros com o saio e na cabeça com o capelo de ferro, espécie de elmo cuja visagem ou viseira ainda não era móvel, o que dava ao homem de guerra, visto a certa distância e sem a sobreveste, o aspecto de um jacaré erguido sobre a cauda. Uma cobertura de sirgo ou seda caía pelas