de aperto. Era uma malta de rapazes ociosos e devassos, da qual ele por sua superioridade em forças e destreza e por sua riqueza e generosidade era o chefe natural.

Posto que temido como uma onça e respeitado entre seus camaradas pela sua valentia, Gonçalo não deixava de ser estimado, e em qualquer folguedo a sua presença era indispensável, pois era o companheiro mais alegre e folgazão que se conhecia. Ninguém com mais primor sabia pontear uma viola, cantar modinhas e lundus ou sapatear com mais desgarro e desenvoltura em uma sala de batuque. Gostava de moças, e com tais prendas e uma bonita figura, bem se vê quanto devia ser querido delas.

Era ele pois parceiro infalível em todas as festas, batuques e partidas de prazer, quaisquer que fossem.

À força de ser temido e respeitado, pois ninguém mais ousava experimentar as forças de sua mão-de-ferro, a vida de Gonçalo ia-se por fim monótona e sem acidentes, com o que andava ele mui desconsolado e aborrecido.

Essa vida tranqüila, que ia passando, sem achar ocasião ao menos de dar uns murros ou uns pontapés, o enjoava por tal sorte, que estava resolvido a ir viajar pelos sertões em busca de quanto valentão e facínora afamado por aí houvesse, medir suas forças com eles, matá-los todos e trazer suas orelhas de mimo ao capitão-mor.