retinta como carvão. Tinha descoberto o facão, que Lourenço trazia e em cuja larga folha se reflectia a claridade do dia.
Lourenço aproximou-se mais do seu antagonista.
— Si és homem, disse ele, em atitude de quem estava mette não mette o facão no rapaz—repete as palavras que ha pouco disseste.
— Vocé então quer brigar comigo devéras? Ora deixe-se disso. O que passou está passado.
— O que passou comigo não está passado, não, negro mofino e sem vergonha. Eu só sinto não encontrar tambem aqui os outros dois tições—teu pai e tua mãi—para dar a vocês todos um ensino de mestre com a folha deste facão. Mas não ha de faltar occasião.
Benedicto, que não era bom, encarou novamente com Lourenço, como quem sentia voltar-lhe o animo que fugira um momento. Tinha-lhe lembrado um recurso, que elle passou immediatamente a pôr em pratica.
— Você diz tudo isto porque tem ahi um facão na mão; si não fosse ele não tinha barbas para o dizer. Mas ainda estando com esse ferro e não tendo eu arma nenhuma, não faço conta de você, quanto mais meu pai e minha mãi. E para que fique sabendo, de