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— Pois já te não lembras da conversa que tiveste ontem de tarde no mucambo?

— E que prometi eu, negro velho tonto? Melhor será que você cale sua boca. Calou Moçambique a boca um momento, mas seu espirito embrutecido, seu interesse, que sua ignorância o fazia supor muito bem amparado pelas promessas de Pedro de Lima, alteou dentro em sua mente cada vez mais as vozes falazes e persuasivas. O negro deu uma volta, como para disfarçar a intenção serpentina, dirigiu-se ao canto onde estavam encostadas as armas, e começou a esvaziar no cano de cada uma o coco, que enchia no pote d’água destinada a matar-lhes a sede.

Germano deu pela operação, no momento precisamente em que Moçambique molhava o ultimo mosquete.

Correr ao negro velho, tomar-lhe a arma da mão, exprobra-lo, foram atos que o moleque praticou em um momento.

— Tio Moçambique! Você sempre fez o que queria?! exclamou na realidade aterrado Germano.

— Fiz o que tu prometeste, mas não tiveste coragem para fazer, respondeu Moçambique. Negão