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— Negro safado! Tu ouviste eu prometer alguma coisa?

— Ouvi, sim. E si tu quizeres agora negar, eu tudo contarei a senhor—disse Moçambique, dando mostras de querer envolver em sua queda o parceiro.

Germano era fino. Viu de um lance d'olhos todo o horror da situação, toda a immensidade do seu infame procedimento. Comprehendeu que si o senhor-de-engenho sahisse daquelle aperto e viesse a ter conhecimento do que se passára no mucambo, a forca seria o seu fim, si não fosse a morte nos açoites. Então lembrou-lhe uma idéa, unica que o podia salvar do abysmo a borda do qual cambaleava mais morto do que vivo. Era destruir a unica testemunha da sua entrevista com Pedro de Lima. Morto Moçambique, estaria elle livre da responsabilidade que o negro queria repartir com elle, e poderia até, si a victoria pertencesse aos mascates tão completamente como figurára Pedro de Lima, exigir deste o preenchimento da promessa feita. Tanto que esta ordem de idéas se accentuou bem em sua mente, para o que não foi preciso mais do que um instante, o moleque puxou resolutamente do facão, que comsigo trazia, e com elle traspassou o parceiro.