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SUD MENNUCCI

vos africanos, boçais, que haviam fugido, e que, apreendidos por um inspetor de quarteirão do bairro suburbano da Agua-Branca, tinham sido declarados livres, e, como tais, com outros, postos ao serviço do Jardim Botânico, por ordem da presidência. Nada aqui podendo conseguir, armou-se de novas recomendações, e foi-se caminho da Côrte.

Mês e meio depois, o presidente da província recebeu um “aviso-confidencial”, firmado pelo ministro da justiça, no qual lia-se o seguinte:

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“Os pretos F... e F..., postos ao serviço do Jardim Público dessa cidade, escravos fugitivos do fazendeiro B..., residente em A..., foram muito bem apreendidos e declarados livres pelo delegado de polícia, como africanos ilegalmente importados no império.

“Cumpre, porem, considerar que esse fato, nas atuais circunstancias do país, é de grande perigo e gravidade; põe em sobresalto os lavradores, pode acarretar o abalo dos seu créditos e vir a ser a causa, pela sua reprodução, de incalculaveis prejuizos e abalo da ordem pública.

“A lei foi estritamente cumprida; ha, porem, grandes interesses de ordem superior que não podem ser olvidados e que devem de preferência ser considerados.

“Se esses pretos desaparecerem do estabelecimento em que se acham, sem o menor prejuizo do bom con-