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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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ceito das autoridades e sem a sua responsabilidade, que mal daí resultará?”

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Quinze dias depois, o sr. diretor do Jardim participou á presidência o desaparecimento dos dous africanos.

A presidência imediatamente ordenou ao chefe de polícia as diligências precisas para descobrimento dos “fugitivos”. Foram inqueridos outros africanos: disseram que á noite, entraram soldados na senzala do jardim, prenderam, amarraram e levaram os dous pretos.

Não foram descobertos os soldados nem os pretos: e neste ponto ficou o mistério.

Aquele invocado “parecer” do conselho de Estado, como claramente vê-se, e o “aviso-confidencial” que acabo de referir, foram escritos com penas de uma só asa; são fórmas de um só pensamento; representam um só interesse: sua origem é o terror; seus meios, a violência; seu fim, a negação do direito; os fatos têm a sua lógica infalivel.

E’ a prova inconcussa de um mau estado; é uma evolução lúgubre da nossa sociedade; uma das faces mórbidas da sinistra política do medo que a sobrepuja; é uma mancha negra que, desde 1837, assinala indelevel a bandeira do partido liberal.

O exmo. sr. conselheiro Nabuco, que soube ser homem do seu tempo, consagrou-se inteiramente ás exigências do seu partido; morreu na firmeza de suas cren-