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ELEGIA

A noite era bella: dormente no espaço
A lua soltava seus pallidos lumes;
Das flôres fugindo, corria lasciva
A briza embebida de moles perfumes.

Do ermo os insectos zumbiam na relva,
As plantas tremiam de orvalho banhadas,
E aos bandos voavam ligeiras phalenas
Nas folhas batendo co’as azas douradas.

O turbido manto das nevoas errantes
Pairava indolente no topo da serra;
E aos astros e ás nuvens perfumes, susurros,
Suspiros e cantos partiam da terra.

Nós éramos jovens, ardentes e sós,
Ao lado um do outro no vasto salão;
E as brizas e a noite nos vinham no ouvido
Cantar os mysterios de infinda paixão!

Nós eramos jovens, e a luz de seus olhos
Brilhava incendida de eternos desejos,
E a sombra indiscreta do niveo corpinho
Sulcavam-lhe os seios em brandos arquejos!