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ELEGIA IX.

A vida me aborrece, a morte quero:
Será eterno o meu mal, segundo entendo,
Pois na mor esperança desespéro.

Sem viver vivo, por morrer vivendo
Por não verdes, Senhora, como eu vejo,
Quanto de mi por vós me ando esquecendo.

Seja-me agradecido este desejo;
Ingrata não sejais a quem vos ama
Com puro e honestissimo despejo.

A culpa que me pondes, ponde-a á fama,
Que pregôa de vós celeste vida
Que os corações d’amor divino inflama.

Humana, quando não agradecida,
Vos mostrae ao mal meu, que me faz vosso,
Antes que a alma do corpo se despida.

Mas que posso eu fazer, pois ja não posso
Hum tormento domar tão forte e duro,
Homem formado só de carne e de osso?

Em minha fé segura me asseguro;
Porqu’esta, quando he grande, jamais erra,
Se resulta d’amor sincero e puro.

Essa beldade santa me faz guerra;
Por ella hei de morrer, inda que veja
Tornar o brando rio em dura serra.

Que cousa tenho eu ja que minha seja?
Quem não deseja a vossa formosura,
Não póde assegurar que o ceo deseja.

De qu’eu sempre a deseje estae segura: