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Sonhava nesta geração bastarda
       Glorias.. e liberdade!

Tinha sêde de vida e de futuro;
Da liberdade ao sol curvou-se puro
E beijou-lhe a bandeira sublimada:
Amou-a como a Deos, e mais que a vida!
Perdão para essa fronte laureada!
Não lanceis á matilha ensanguentada
       A águia nunca vencida!

Perdoai-lhe, Senhor! Quando na historia
Vèdes os reis se coroar de gloria,
Não é quando no sangue os thronos lavão
E envoltos no seu manto prostituto
Olvidão-se das glorias que sonhavão!
Para esses — maldição! que o leito cavão
       Em lodaçal corrupto!

Nem sangue de Ratchffs o fogo apaga
Que as frontes populares embriaga,
Nem do heróe a cabeça decepada
Immunda, envolta em pó, no chão da praça,
Contrahida, amarella, ensanguentada,
Assusta a multidão que ardente brada
       E thronos despedaça!