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ções nas ruas inda vermelhas. Era uma tendencia de ha muito n’aquella embriaguez famelenta de mortuarias á identificação d'aquellas turbas ardentes na fronte laureada de um homem. Foi uma das reacções que se notão em todas as febres de phrenesi túrbido de humanidade — uma d'aquellas que alção os Cromwells e os Bonapartes ao solio deslumbrador da omnipotência monarchica. Era entre o muito instincto de morticinio, n’aquella cabeça turva da moribunda cidade - rainha, uma tendência á escravidão. Mario, Sylla, Catilina, o havião comprehendido — e legarão a herdança de ambição ao rival de Pompeo — Julio Cesar.

Ahi no decahido das estatuas marmóreas do paganismo de Hesiodo o vate, e de Phidias o esculptor do Paíthenon, a humanidade crescia mais altiva. A soberbia olympica do Deos tonante, o denodo do Alemenêo destimido, não se reverberão n’aquele busto de Romano, mais altaneiro á desbotada luz do relâmpago, clamando ao barqueiro livido — Cæsarem vehis — ?

Julio César era certo o heroe da epoca. Com os vicios e a infamia licenciosa do povo Romano de então a rigidez de vontade, as lettras e a eloquência enthusiastica e forte dos séculos mais bellos da Grecia unidos á dissimulação mais funda qüe lhe prestava todos os recursos a tempo — tudo isso fasia de Cesar o Alcida que tinha de deitar-se aos pés da caprichosa Omphale republicana.