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tigas. Quanto a nós, por mais bello que seja o typo da copia, desde que a producçâo não tenha em si a luz da originalidade, acharemos n’ella talvez doçura, arte — mas a grandesa do genio?... Não sei.

Virgilio não estudou só Homero, — coseo muitos dos broslados de purpura d’aquelle manto oriental na sua tunica Romana. As vezes não é só um imitador — é um plagiario. Que isso se desse para com Ennio — embora : era, como disia o Mantuano, o aurum de stercore. Mas Homero...

Se em Lucano se revê o modelo, se no molde d’aquella estatua de dictator, sente-se-lhe passarem sombras — como bandos de grous no cantar gemido de suas magoas — na expressão do Dante, vislumbres do passado grego, — sente-se-lhe com tudo entre o borbotoar fervoroso das idéas volcanicas, n’aquelle embater de imagens que borbotoão fecundas em torrente dos labios homéricos do vate — um que de novo, como uma litteratura que aponta mais livre nas ruinas de uma litteratura avelhentada.

A Pharsalia é uma chronica em verso, dicerão-no, e crerão-no doesto. « Um chronicon-poema não podia ser sublime » — scismárão talvez os criticos na sua aridez de cerebro sem vida e sem criação. Pobres criticos! E os Annaes de Tacito? Qüe ha ahi mais sublime que o stylo do velho chronista, escrevendo no seu sacerdocio de vin-