Que selvoso dos outros se destaca.
Á nau ponho de guarda os camaradas;
Escolho doze, um odre lhes confio
Do vinho de Máron de Evanteu nado,
Em Ísmara Apolíneo sacerdote;150
O qual poupamos e mulher e filhos,
Na sagrada floresta, com respeito;
E áureas talentos sete, urnas de prata,
Mais uma dúzia de ânforas doou-me
De almo licor nectáreo incorruptível.155
Desse vinho melífluo, em casa ignoto,
Menos á esposa e á despenseira, um vaso
Com vinte se mesclava de água pura,
E tal cheiro divino recendia,
Que dele alguém abster-se era um tormento.160
Encho um odre, uns alforjes abasteço,
Audaz me deito a visitar o iníquo
De alma ferrenha e desmedida força.

Então fora pastava o nédio gado,
E no interno o antro seu nos foi pasmoso:165
Nos cinchos pesam queijos; de cabritos
E anhos currais se atulham, segregados
Os meãos e os tenrinhos e os maiores;
Mungido fresco em tarros e alguidares,
Nada no soro o coalho. Os meus imploram170
Que, tomados os queijos e atraídos
Cabritos e ambos, de embarcar tratemos:
Fora certo o melhor, mas eu quis vê-lo
E dons ter hospitais; futura aos socios
Vista ingrata. Imolando, aceso o fogo,175
Do lacticínio come-se, e aguardamos.

Ei-lo, de lenha para a ceia, á porta
A grossa atira estrepitosa carga;
Tremendo no interior nos ocultamos.
Á espelunca recolhe as gordas fêmeas180
Para, ordenhar, de fora tendo os machos
No amplo recinto, bodes e carneiros;
Depois a entrada fecha, levantando
Rocha tal, que mover nem poderiam
Vinte dous carroções de quatro rodas.185