Último andava o meu, tardio ao peso
De mim, que em baixo astuto maquinava;
A anca lhe amima terno: «O derradeiro
Hoje és tu, preguiçoso? A largo passo
Ias dantes em frente, a pascer flores350
E a banhar-te no límpido riacho,
E de tarde ao redil vinhas primeiro.
Do olho do senhor partes saudoso,
Que, de vinho domando-me a cabeça,
Cru mortal e os maus socios me vazaram?355
Escapo inda o não julgo: tu sentisses
Comigo e articulasses, que dirias
Onde se oculta; e, esparsos os miolos
Por toda a cova, ao mal, que me há causado
O vil Ninguém, teria um refrigério.»360
Solto o martinho então, se pôs de fora.

Distante um pouco da caverna e pátio,
O meu largo e desprendo os mais carneiros;
Salvos do monstro, á pressa o desviado
Gordo rebanho para a nau guiamos,365
Onde em pranto ansiosos companheiros
Nos receberam. Por acenos vedo
Esse lamento, e mando que o lanoso
Gado se embarque e o saldo mar cortemos.
Dito e feito, e verberam já remeiros370
O encarnecido ponto, quando ao longe,
Mas a alcance de gritos, o invectivo:

«Não devoraste, Polifemo, os socios
De um homem sem valor; cruel e iníquo,
De hospedes em teus lares te sustentas;375
Júpiter castigou-te e os mais celestes.»

Raivoso, ei-lo de um monte o cimo quebra,
Joga a rocha, que ao pé da popa tomba:
Ao choque a nau se inunda, e refluindo
Sobre a terra a mareta nos empuxa.380
De um longuissimo croque armado, o casco
Da praia arredo, e por sinais ordeno
Que, o trespasso esquivando, a voga piquem.
Sulcado espaço igual, falo ao Cyclope;
Em redor brandamente me retinham:385
«