Tristes grunhindo, a maga lhes atira
Glande, azinha e cornisolo, sustento
Próprio desses rasteiros foçadores.

Veio Euríloco á pressa annunciar-nos
O caso ymphando, que articula apenas190
Pela força da dor, pois lhe excitava
Luto no coração, água nos olhos;
E, instado, o exicio narra: «Ao teu preceito,
Fomos, Laércio, num convale achamos
Em vistoso lugar marmóreo paço.195
Mulher ou deusa que a tecer cantava,
Abre, ao nosso gritar, fulgentes portas:
Este convite, eu só de fora, temo;
De esperar canso, os mais despareceram.»

De tachonado bronze a tiracolo200
E o arco aos ombros, pela mesma senda
Mando que me encaminhe; elle os joelhos
Chorando me abraçou: «Divino aluno,
A ir não me constranjas. Tu não voltas,
Sei que os nossos perderam-se; os restantes205
Esquivemos, fugindo, o negro fado.»
«Bebe e come, retruco, em ocio a bordo;
Por mim clama o dever.» E a trilha enceto.

Já, pelo sacro bosque, avisto o alcáçar
Da venéfica Circe, quando o nume210
Do caduceu me encontra, afigurado
Num gentil gracioso adolescente;
Ele trava-me a destra: «Ignotos serros,
Mísero, andas sozinho? os teus, quais porcos,
Os tem Circe em fortissimo escondrijo.215
Vens tu livral-os? sorte igual te espera.
Antídoto haverás, que te preserve
Da encantadora. Seus ardis aprende:
Num misto lançará sutil veneno,
Em meu remédio fia-te; ao sentires220
De vara o toque, puxa dante o fêmur,
Como para feri-la, a espada aguda;
Quase a medo, ao seu toro há de invitar-te.
Amores não recuses de uma deusa,
Que te socorra e desencante os socios;225