Mas dela exige o grande juramento,
A fim que outras ofensas não te apreste,
Nem do valor te dispa e te efemine.»

Da terra aqui Mercurio extraiu planta,
E ma explicou: raiz escura tinha230
E láctea a flor; os deuses moli a chamam;
É-lhes fácil cavá-la, aos homens custa.
Foi-se da ilha espessa ao grande Olympo;
Nisto e pensoso dirigi-me a Circe.

Eu da entrançada Eéia ás portas grito,235
Que abre logo os resplêndidos batentes,
E a seu convite, contristado, a sigo.
Aos pés lindo escabelo, num dedáleo
Trono me colocou de argênteos cravos.
Misturada a bebida em áurea taça,240
Provei; não me fez mal; da vara ao toque,
Disse: «Vai-te á pocilga, aos mais te agrega.»
Como para matá-la, o gládio saco;
Brada, furta-se ao bote, a meus pés freme:
«Quem és? de que nação? de que família?245
Pasmo de que resistas; este encanto,
Nunca o susteve alguém por cujos dentes
Se infiltrasse o veneno: alma inconcussa
Tens no peito. És por certo o sábio Ulysses,
Que o de áureo caduceu me afirmou sempre250
De Ílio cá surgiria em nau veleira.
Embainha essa espada; em nosso toro,
Em mútua confiança, o amor gozemos.»

Repliquei-lhe: «A contigo humanizar-me
Tu, Circe, me alicias, tu que em porcos255
Meus socios transformaste, e aqui dolosa
Me instigas ao teu leito, a fim que, inerme
E despido me enerves e efemines?
Solene jura, ó deusa, que em meu dano
Mais nada empreenderás.» — Jurou-me, eu subo260
Ao tálamo loução. Criadas quatro
Fiéis com diligencia ali serviam,
Nymphas de bosque ou fonte ou santo rio:
Uma forra de púrpura as cadeiras,
Pondo alvo linho em baixo; outra bufetes265
Argênteos cobre de áureos açafates;