Celsa penha os ruidosos confluentes,
Mete-se no Aqueronte. Ali, te aviso,
Em cova cubital por toda parte,
Libações vaza herói, de mulso e leite
Ás mãos ambas, depois de mero vinho,390
Terceira de água, e branco farro mescles.
Implora os oucos manes e promete,
Em Ithaca immolada a melhor toura,
De dons a pira encher, e ao mesmo vate
Sacrificar sem mancha atro carneiro,395
Flor dos rebanhos vossos. Dos finados
Assim que ás gentes ínclitas orares,
Pretas reses degola, macho e fêmea,
Do Érebo em face, e averso atenta o rio;
Hão-de presto acudir enxames de almas.400
Queimar as hóstias esfoladas manda:
Vota a Plutão pujante e á seva esposa.
De espada em punho, junto á cova, impede
Que, antes de questionares a Tirésias,
Provem do sangue os manes: pronto o vate405
Virá mostrar, ó capitão de povos,
Como sulques o ponto e á patria voltes.»

A Aurora em cróceo trono radiava:
Circe de capa e túnica vestiu-me;
Vestiu-se de alva estola fina e bela,410
Cinto áureo atou, pôs á cabeça coifa.
Pelos salões desperto os camaradas,
Brando os careio: «Ao sono, sus, furtai-vos;
A partir me suade a mesma Circe.»

Afervoram-se alegres; mas não pude415
Salvar a todos: Elpenor imbele,
Estólido e o mais moço, da vinhaça
Para se refrescar, dormiu sozinho
De cima no terraço, e ao movimento
E estrépito acordando, entontecido420
Não desce a escada longa, mas do teto
Rui, fratura o pescoço, ao Orco afunda.
Falo aos demais: «Talvez cuideis que á patria
Vamos, amigos; prescreveu-me a nympha
Que, a Prosérpina e Dite visitando,425