de selvagem touro
Isca e dolo a peixinhos, para cima
Palpitantes os puxa; tais levanta
Cila os meus, que devora á boca do antro.
As mãos rugindo os míseros me estendem!190
Mares vaguei, sofri cruéis tormentos;
Nunca um tal espetáculo assombrou-me.

Atrás Cila e Caríbdis, avistamos
Ilha onde os nédios bois de larga fronte
E os rebanhos do Sol pastam sublime;195
O mugir e o balar de bordo sinto:
Lembram-me anúncios do Tebano cego:
Lembra-me Circe, que vedou-me a entrada
Na ilha do Sol, delicias dos humanos;
Atribulado amoesto: «Ouvi-me, socios.200
Com paciencia agouros de Tirésias
E os de Circe, que á ilha me proíbem
Do Sol portar, a todos nós funesta;
Dela o fusco navio impeli fora.»

Este anúncio os confrange, e molestou-me205
Euríloco tenaz: «Ímprobo Ulysses,
Tu não cansas, teus membros são de ferro,
Pois de fadiga e sono a gente opressa
Na ilha vedas saltar onde aprestemos
Boa ceia, e á matroca temerário210
Em trevas pelo ponto errar nos mandas.
Em procela, e noturna, onde abrigar-nos,
Se Noto ou Zéfiro em tufão rebenta,
Os mais duros ás naus, mau grado aos numes?
Ceda-se á escuridão; toca a cearmos,215
E o pelago amanhã sulque-se embora.»

Do consenso geral tirei que a perda
Nos traçava um demonio: «Eis-me vencido,
Clamo, Euríloco! Ao menos jurai todos,
Em rês alguma não bulir nefandos;220
O que Circe nos deu comei tranqüilos.»

Juraram-me formais, e em porto ancoro
Ante uma fonte amena. Ao desembarque,
Curam da ceia; já repletos, lembram
Os que Cila voraz nos engolira,225