Por um velho alquebrado! Se és vencido,
Irás, te afirmo, em barco de Epirotas
Ao régio Aquetos, cru flagelo de homens,
Que orelhas e nariz te corte a bronze,
E arranque os genitais e a cães os deite.»70

Iros mais estremece; ao meio o arrastam;
Armam-se os punhos logo. O divo Ulysses,
Calculando se exânime o prosterne
Ou só ferido, acha melhor poupal-o;
Teme excitar suspeita. No ombro destro75
Iros deu; mas ao colo sob a orelha
Murro apanhou que os ossos lhe machuca:
Vomita rubro sangue, a mugir tomba,
Os dentes entrechoca, e esperneando
Bate e recalca a terra. Os feros procos,80
Alçando as mãos, de riso rebentavam;
Mas lesto um pé lhe trava e o roja Ulysses
Do vestíbulo ao pátio, e fora o encosta;
Um pau lhe entrega e diz: «Com este agora
Porcos afasta e cães; vil, não te arrogues85
Predomínio em pedintes e estrangeiros:
Olha que inda pior não te aconteça.»
E, preso ás costas com torcidos loros
O torpe alforge, ao liminar descansa.

A rirem de prazer, o lisonjeiam:90
«Hospede, o Céo te faça o que mais queiras,
Pois todo o povo de um glutão livraste;
Será do rei do Epiro.» — Do presságio
O divo herói folgava. Antino um gordo
Ventrículo de cabra lhe apresenta;95
Anfínomo lhe tira do açafate
Alvos dous pães, e de áurea taça o brinda:
«Salve! um dia opulencia, ó padre, alcances,
Já que tanta miséria hás padecido.»

«Anfínomo, o adverte o sábio Ulysses,100
És fecundo, e a prudencia denuncias
De teu pai Niso, que de rico e humano
Campa em Dulíquio; atende-me e pondera.
De quanto cá respira e cá rasteja,
Nada é mais lastimavel do que o homem:105