Em paz a herança paternal desfrutes,
E tua mãe do noivo orne o palacio.»

Cauteloso Telemacho: «Por Jove,
Agelau, to assevero, pelas dores
De meu pai, que está morto ou longe vaga:270
Minha mãe não coíbo, antes a empenho
A esposar quem lhe agrade e muito offerte;
Mas hei pejo e temor, tolham-me os deuses
Desta casa bani-la ou violentá-la.»

Aqui, Minerva os procos enlouquece,275
Um riso inestinguível excitando,
Riso que erra nas bocas louquejantes:
Comem cruentas carnes; de água os olhos
Se lhes arrasa; n’alma o luto versa.
Teoclímeno a vozes profetiza:280
«Misérrimos, que noite vos rodeia
De alto a baixo! que lúgubre ululado!
Estou já vendo lagrimosas faces,
Em sangue estas paredes e estes postes,
Cheio o vestíbulo e a brilhante sala285
De espectros, que ao profundo Érebo descem!
Morre o Sol, e se esparge e adensa a treva!»

Eles ás gargalhadas o chasqueiam,
E o de Pólibo grita: «O forasteiro,
Cá vindo não sei donde, é mentecapto.290
Moços, ponde-o na rua; ande-se ao foro
Quem por noite hoje toma o dia claro.»

Mas o adivinho: «Eurímaco, retorque,
Não hei mister escolta; olhos e orelhas,
Bons pés tenho, e alma sã no peito alojo;295
Vou-me donde um mal grave está pendente:
Nenhum se livrará dos que este asilo
Manchais de insultos e de ações ymphames.»
Disse, e foi-se a Pireu, que pronto o acolhe.

Olhando-se e ás risadas, mofam todos,300
E um moteja a Telemacho: «És na escolha
De hospedes infeliz: tens um mendigo
Sitibundo e famélico e vadio,
Sem préstimo e valor, da terra peso;
Outro a vaticinar pouco há surdiu-nos.305