Deles serieis vós ou desses procos?
Da alma explicai-mo.» — Exclama-lhe o vaqueiro:
«Jove, a meu voto anui! um deus o traga!
Velho, meu brio e ardor conheceria.»
E Eumeu também depreca ao sacro Olympo150
Que volte o rei prudente aos seus penates.

Deles seguro, brada: «Eis-me, entre angústias
Chego ao vigésimo ano. Reconheço
O vosso amor e fé: dos servos todos
Sois quem me desejais com zelo e afinco.155
Agora me atendei: se me dá Jove
Os intrusos domar, consortes, prédios,
Casas tereis ao pé da minha própria;
Socios e irmãos sejais do meu Telemacho.
Não há dúvida alguma: eis dos colmilhos160
Do javardo o sinal, quando ao Parnaso
Os de Autólico filhos me guiaram.»
Da cicatriz então separa os trapos:
Certificados, o senhor abraçam
E beijam-lhe a chorar a testa e os olhos;165
O mesmo Ulysses faz. Durara o pranto
Ao posto Sol, se o cauto o não vedasse:
«Basta, alguém ver-nos pode. Vou primeiro,
E entrai, com intervalo, um após outro.
Se eles do arco pegar me proibirem,170
Traze-mo com a aljava, Eumeu divino,
Através da ampla sala; as servas manda
Aferrolhar as portas; nem que sintam
Estrondo e ais, de seu lavor se bulam.
Os cancelos do pátio, ó bom vaqueiro,175
A chaves tranca e fortemente amarra.»
Disse, e dentro sentou-se no seu posto;
Seguem-no a tempo os dous fiéis criados.

O arco Eurímaco ao lume aquenta e vira,
Mas nem sequer o verga; no orgulhoso180
Peito suspira, e suspirando fala:
«Ai de mim e dos mais! Bem que as deseje,
Não choro as núpcias, que Ithaca e outras ilhas
Têm muitas belas; choro a clara prova
De superar-nos tanto o grande Ulysses:185