secca cahiam-lhe inspiradamente sobre a golla: e em toda a sua pessoa havia alguma cousa de antiquado, de artificial e de lugubre.
Estendeu silenciosamente dous dedos ao Damaso, e abrindo os braços lentos para Craft, disse n’uma voz arrastada, cavernosa, atheatrada:
— Então és tu, meu Craft! Quando chegaste tu, rapaz? Dá-me cá esses ossos honrados, honrado inglez!
Nem um olhar dera a Carlos. Ega adiantou-se, apresentou-os:
— Não sei se são relações. Carlos da Maia... Thomaz d’Alencar, o nosso poeta...
Era elle! o illustre cantor das Vozes d’Aurora, o estylista de Elvira, o dramaturgo do Segredo do Commendador. Deu dois passos graves para Carlos, esteve-lhe apertando muito tempo a mão em silencio — e sensibilisado, mais cavernoso:
— V. ex.ª, já que as etiquetas sociaes querem que eu lhe dê excellencia, mal sabe a quem apertou agora a mão...
Carlos, surprehendido, murmurou:
— Eu conheço muito de nome...
E o outro com o olho cavo, o labio tremulo:
— Ao camarada, ao inseparavel, ao intimo de Pedro da Maia, do meu pobre, do meu valente Pedro!
— Então, que diabo, abracem-se! gritou Ega. Abracem-se, com um berro, segundo as regras...
Alencar já tinha Carlos estreitado ao peito, e quando o soltou, retomando-lhe as mãos, sacudindo-lh’as, com uma ternura ruidosa: