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OS MAIAS

— ­É que a senhora condessa tem um mau regimen. É necessario tratar-se, voltar aqui, consultar-me... Tenho talvez muito que lhe dizer!

Ella interrompeu-o vivamente, erguendo para elle os olhos, d’onde se escapou um clarão de ternura e de triumpho:

— ­Venha-m’o antes dizer um d’estes dias, tomar chá comigo, ás cinco horas... Charlie!

O pequeno veiu logo dependurar-se-lhe do braço.

Carlos, acompanhando-a abaixo á rua, lamentava a fealdade da sua escada de pedra:

— ­Mas vou mandar tapetar tudo para quando a senhora condessa volte a dar-me a honra de me vir consultar...

Ella gracejou, toda risonha:

— ­Ah não! O sr. Carlos da Maia prometteu-nos a todos a saude... E naturalmente não espera que seja eu que venha cá tomar chá comsigo...

— ­Oh, minha senhora, eu quando começo a esperar, não ponho limites nenhuns ás minhas esperanças...

Ella parou, com o pequeno pela mão, olhou para elle, como pasmada, encantada com aquella grandiosa certeza de si mesmo.

— ­Então vae por ahi além, por ahi além...?

— ­Vou por ahi além, por ahi além, minha senhora!

Estavam no ultimo degrau, diante da claridade e do rumor da rua.

— ­Mande-me chegar um coupé.

Um cocheiro, ao aceno de Carlos, lançou logo a tipoia.